Até pouco tempo atrás, a recomendação era de jejum total. Mas hoje os médicos sabem que é melhor fazer refeições leves nesse período
O trabalho de parto pode levar, em média, de 8 a 12 horas em mulheres que esperam o primeiro filho. Se for a segunda ou terceira vez, a tendência é que seja um pouquinho mais rápido. Mas ainda assim já pensou ficar o tempo inteiro sem comer ou beber? “Essa prática caiu em desuso à medida que o parto humanizado ganhou popularidade”, diz o obstetra Walter Banduk, do Hospital e Maternidade São Camilo (SP). Ele conta que, em vez de se alimentar durante o processo, as grávidas recebiam nutrientes como glicose, potássio e sódio via soro. O que é mais difícil de administrar se a mulher quiser, por exemplo, caminhar, receber massagens ou ainda tomar um banho para relaxar.
Mas ficar tantas horas sem comer, obviamente, interfere na movimentação do bebê. Você já deve ter percebido que ele costuma se mexer mais depois das refeições. “O jejum prolongado pode até mesmo confundir o resultado da cardiotocografia (exame que mede o desempenho e os batimentos cardíacos do feto), levando o médico a acreditar que a criança está em sofrimento”, diz Banduk.
Por que havia tanta restrição, afinal? “A alimentação oferece riscos à anestesia”, diz o obstetra Abner Lobão Neto, coordenador do Pré-natal Personalizado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Isso porque, se a gestante estiver com o estômago cheio, ao receber o medicamento, ela pode ter queda de pressão, náusea e vômito efeitos colaterais que são, no entanto, controlados sem grandes dificuldades. Por isso mesmo, em caso de cesárea eletiva (agendada previamente), a gestante deve ficar em jejum ou apenas se alimentar com líquidos por 12 horas, em média, antes da cirurgia. Alguns especialistas mais flexíveis pedem que a grávida mantenha 2 horas em jejum para líquidos sem resíduos (água e sucos sem polpa), 6 horas para uma refeição bem leve (uma torrada com suco) e 8 horas para uma refeição “normal” (nada de feijoada, certo?).
No parto vaginal, porém, a recomendação atual é de que a grávida se alimente com comidas e bebidas leves, de fácil digestão, no início do trabalho de parto. “Alimentos muito gordurosos e protéicos (frituras, chocolate, carnes) devem ser evitados”, diz Banduk. “Melhor optar por comidas pastosas e ricas em carboidrato (sopas, pães, frutas), que dão energia e são facilmente digeridas.” Leite e derivados, assim como bebidas gaseificadas, são contra-indicados. Prefira água e sucos naturais. Além disso, as porções, tanto das bebidas quanto dos alimentos, devem ser pequenas. Banduk ressalta que a última refeição deve acontecer, no máximo, quatro horas antes da anestesia (se essa for a opção da paciente e do médico).
Vale lembrar, no entanto, que médicos e anestesistas mais conservadores indicam o jejum total ou apenas uma dieta líquida. Por isso, melhor debater o assunto com seu obstetra com antecedência.
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