Médico ginecologista, obstetra e doutor em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo. Autor do livro “A Bíblia da Gravidez”.
P: Tive pré-eclâmpsia na primeira gestação, o que resultou em um parto prematuro. Agora, estou grávida novamente. Há risco da doença surgir outra vez? Michele Guedes, São Paulo, SP
Dr: A pré-eclâmpsia pode ocorrer em até 6% das gestações, sendo mais comum na primeira. O risco de repetição na segunda gravidez diminui quando o pai é o mesmo, porque já existe uma adaptação imunológica da mãe ao DNA dele. Ainda assim, o pré-natal para essas mulheres tem que ser mais rigoroso. Nos casos de pré-eclâmpsia ocorre uma “falha” na tolerância imunológica típica da gravidez normal, que evitaria que o feto fosse rejeitado pelo organismo materno. Isso pode gerar uma série de lesões vasculares e tromboses em vasos do útero e da placenta. Esses fatores culminam com a instalação da pré-eclâmpsia que, em geral, acontece nos últimos meses da gravidez. Infelizmente, a doença tem início com 11 ou 12 semanas, mas só é identificada pelos médicos no final da gestação, com mais de 32 semanas. Ainda não sabemos a causa do problema, no entanto, é uma situação de alto risco para a mãe e para o bebê, resultando em altas taxas de prematuridade. É mais frequente em mulheres que têm hipertensão arterial, diabetes ou gravidez de gêmeos.
P: Ouvi dizer que mulheres grávidas não devem tomar banho quente. É verdade? Por quê?
Maria Souza.
Dr: Sim. É mais seguro evitar banhos quentes de imersão, saunas secas e a vapor, principalmente durante as sete primeiras semanas de gestação. O excesso de calor, com temperatura corporal da mãe acima de 38,8°C por mais de dez minutos, aumenta o risco de aborto e de malformações congênitas. Depois do primeiro trimestre, contudo, o uso ocasional de banhos quentes de banheira, por menos de dez minutos, é razoável e seguro.
P: Estou na oitava semana de gestação e a minha pressão está alta. Tirei o sal da comida, mas tenho muito enjoo, pois sinto que tudo ficou quase doce. Tatiane Josy da Silva, Brasília, DF
Dr: Não há necessidade de tirar completamente o sal da comida, mesmo se você for hipertensa. Uma medida prática é retirar o saleiro da mesa, mas tudo bem temperar os alimentos com moderação. Os enjoos são mais comuns até as 12 semanas e podem ser aliviados por refeições leves a cada duas horas, bolachas salgadas, balas de limão, água gelada ou chá de gengibre. Não se preocupe muito em seguir uma dieta balanceada nesse período, coma o que puder.