Mulheres mais velhas seriam mais cuidadosas em relação à saúde das crianças, segundo a pesquisa.
“Mãe é tudo igual. Só muda de endereço.” Isso pode mesmo ser verdade, mas, de acordo com uma pesquisa britânica realizada com 78 mil crianças pelo Instituto da Saúde da Criança da University College London, as mulheres que se tornam mães depois dos 40 anos são ainda mais cuidadosas que as mais jovens e, por conta disso, seus filhos são mais saudáveis.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores levaram em consideração Índice de Massa Corporal (IMC), vacinação, o número de acidentes sofridos e de vezes que as crianças foram internadas em hospitais. O resultado obtido que independe da classe social da mãe foi de que, até os 5 anos, os filhos de mulheres com mais de 40 tendem a ser mais saudáveis, pois sofrem menos acidentes, são internados menos vezes e com doenças menos graves e ainda têm todas as vacinas em dia.
O risco de uma criança de 9 meses, filha de uma mãe de 20 anos, sofrer um acidente foi de 9,5%. Se a mãe tiver 40 anos, ele cai para 6,1%, por exemplo. O mesmo comportamento foi observado em hospitalizações. Uma criança menor de 5 anos, filha de uma mãe com 20 anos, tem 16% de chances de ir para o hospital. Já os filhos de mães com mais de 40 anos têm 10,7%.
Eles também apresentaram um desenvolvimento da linguagem mais rápido e tiveram menos problemas sociais e emocionais. Para os autores do estudo, em geral, os filhos de mães mais velhas tendem a ser mais educados. O único ponto negativo observado foi que essas crianças ganham peso com facilidade, o que seria influência do IMC das mães dessa idade, acreditam os pesquisadores.
Para o pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros , da Sociedade Brasileira de Pediatria e autor do livro Seu Bebê em Perguntas e Respostas: Do Nascimento aos 12 Meses (MG Editores), aos 40 anos, as mulheres são mais maduras e estão estáveis socialmente. Ou seja, ela sabe da importância de cuidar do seu filho e pode investir nisso. “No entanto, é preciso ficar atenta para não se tornar uma mãe superprotetora. Com o filho tão sonhado nos braços, é fácil desejar que ele fique embaixo das asas para sempre e isso pode tornar a criança insegura”, alerta Barros.
Renato Martins Santana, obstetra do Setor de Medicina Fetal da UNIFESP, afirma que as mães de 40 anos costumam colaborar bastante desde o início da gravidez, realizando todos os exames, comendo corretamente e seguindo as orientações à risca. “As mulheres mais velhas estão mais preocupadas com a saúde delas e do bebê, por isso, sempre se policiam e se cuidam mais que o normal”, afirma. Por outro lado, ele reforça, como já é sabido, que a gravidez aos 40 implica cuidados mais rigorosos, pois há mais chances de a mãe ter doenças que podem causar riscos para ela e o bebê, como pressão alta ou diabetes.