Empresas com sede em casa são alternativas para mulheres que querem conciliar seu próprio negócio com a criação dos filhos.
A ideia costuma surgir quando o fim da licença-maternidade se aproxima: e se fosse possível trabalhar em casa? Para muitas mulheres, o nascimento do primeiro filho é o estopim para deixar o emprego com carteira assinada e dedicar o tempo e a energia profissional para construir o próprio negócio.
“Muitas vezes essa mulher já é empreendedora. Isso está lá, latente, mas ela não tem coragem de arriscar. A maternidade é uma mudança tão profunda que acaba sendo um gatilho para por em prática essa vontade”, diz Gustavo Carrer, consultor de marketing do Sebrae. Além da autonomia de horário e a possibilidade de acompanhar a educação dos filhos mais de perto, muitas mulheres descobrem, durante a gravidez, nichos de mercado até então desconhecidos e uma vontade de fazer algo em que acreditem.
“Com a gravidez, naturalmente a mulher vai entrar em um mundo novo. Durante esse processo, ela busca produtos, e não os encontra como gostaria”, diz Carrer. O negócio surge da vontade de atender a outras mães que têm as mesmas necessidades.
A estilista gaúcha Candice Eckert, 35 anos, entrou em um processo como esse enquanto esperava a filha Isadora, em 2009. “Durante a gestação, eu comecei a procurar roupas para ela, mas não achava nada como eu queria. Gosto de cores mais vibrantes e encontrava muitas peças para meninas com tons de rosa clarinho”, conta.
Candice Eckert investiu na marca de roupas Minimim
Candice lecionava em uma universidade, mas, com a proximidade do fim da licença-maternidade, decidiu pedir demissão e investir no projeto da Minimim uma marca de roupas para crianças de 0 a 6 anos que já está na terceira coleção. O conceito, segundo a estilista, é de roupas alegres e que vestem “crianças como crianças”. A venda online começou em dezembro de 2011, e hoje ela vende também para lojistas. Em casa, desenvolve as coleções e faz as peças-piloto, que são executadas por costureiras terceirizadas. “Eu não queria que a milha filha fosse criada por outras pessoas. Quando é possível fazer diferente, acho que é bem importante para a criança”, diz.
O mercado de moda infantil movimenta US$ 9 milhões no Brasil, com possibilidade de crescimento de 6% em 2012 na comparação com o ano passado, segundo a empresa de estudos de mercado Euromonitor. Além do vestuário, o mercado tem oportunidades de nicho, como fraldas de pano e slings como são chamadas as peças para carregar o bebê junto do corpo.
Foi nesse nicho que a paulista Deise Pires Hala, 32 anos, decidiu apostar. Ela deixou o cargo de gerente de contas em uma indústria do ramo alimentício para administrar o site Barriga de Pano. “No final da minha licença-maternidade, soube que a minha tia, que era a única pessoa em quem eu confiava para deixar minha filha, não ia poder ficar com ela. Comecei a procurar alguma forma de conciliar o trabalho com a maternidade”, diz.
Deise nunca havia ouvido falar da expressão empreendedorismo materno. Descobriu o conceito durante pesquisas na internet. No portal Cia das Mães, encontrou a oportunidade de comprar a marca Barriga de Pano de outra empreendedora um site que vende slings e fraldas de pano online para todo o Brasil. Fechou negócio em novembro de 2011 e passou a administrar o portal de casa, enquanto dá atenção à pequena Manuela.
E-commerce, negócios voltados ao artesanato ou culinária (como a fabricação de papinhas orgânicas e outros tipos de alimento) e vestuário infantil são os favoritos das mães empreendedores. O fundamental, segundo Carrer, consultor do Sebrae, é que a atividade não exija presença física permanente da mãe em horário integral.
Para a paranaense Juliana Merege Palmas, 31 anos, a alternativa foi investir em uma franquia home-based. “Sempre tive vontade, enquanto trabalhava como funcionária, de abrir meu próprio negócio”, conta. Depois de organizar as finanças para concretizar o sonho, Juliana abriu uma franquia Home Depil, em Curitiba, no começo deste ano. Com a maca e o aparelho no carro, ela faz fotodepilação em domicílio e diz que a decisão valeu a pena. “Queria ter mais tempo para participar da educação da minha filha”, conta a mãe da Ana Júlia, de dois anos e cinco meses.