Fugir do sexo por muito tempo está ligado a uma disfunção que afeta a qualidade de vida da mulher e a relação do casal. Aprenda a reconhecer se a indisposição é momentânea ou se é hora de procurar ajuda
É natural que o fogo apague por um período, especialmente durante a gravidez, quando a mulher passa por uma série de mudanças físicas e emocionais, ou nos primeiros meses de vida do bebê, quando toda a atenção fica voltada ao novo membro da família. Aí é claro que sobra pouco espaço (e ânimo) para os momentos a dois. A tendência, porém, é que, passados os primeiros meses de adaptação ao novo papel materno, o desejo volte a dar as caras. O desafio será mesmo conquistar aquele tempinho para o casal...
Assim, o sinal de alerta só deve soar se, à medida que o tempo passar, a falta de interesse sexual permanecer. Aí é o caso de investigar uma disfunção chamada pelos especialistas de Desejo Sexual Hipoativo (DSH). Apesar de ocorrer também em homens, é mais associado ao sexo feminino. No Brasil, já chega a 35% o número de mulheres maiores de 18 anos que sofrem com o problema. Os dados foram levantados por uma pesquisa de 2007 conduzida pelo Projeto Sexualidade (Prosex), da Universidade de São Paulo, e mostram que essa disfunção é mais comum do que se imagina. Abaixo, você confere seis fatos sobre o assunto e dicas para reconhecer e tratar o problema.
Indisposição não significa DSH
Nem sempre a vontade aparece e são inúmeras as razões pelas quais as mulheres, ou os homens, evitam os momentos a dois: indisposição, cansaço, dores, problemas físicos e emocionais. Os especialistas consideram que existem duas categorias para essa disfunção: a situacional, que ocorre por causa de momentos pontuais e que, portanto, é mais fácil de ser resolvida, e a permanente, na qual a mulher nota a falta de desejo há pelo menos seis meses. Essa última categoria já configura um problema mais sério e, quando acontece, é aconselhável que a mulher procure um especialista.
As causas podem ser multifatoriais
Calma. O fato de você não sentir mais vontade de ter momentos íntimos com o seu parceiro não necessariamente significa que o amor de vocês diminuiu. Existem pelo menos três fatores mais comuns que favorecem o aparecimento dessa disfunção sexual:
Farmacológico: o uso de alguns medicamentos, como antidepressivos, anti-hipertensivos, ansiolíticos e até alguns anticoncepcionais pode influenciar na libido da mulher. Nem sempre é fácil perceber que eles estão afetando o apetite sexual, por isso, é importante se informar na bula sobre os efeitos colaterais e conversar com o médico;
Físicos: diminuição de testosterona, falta de lubrificação vaginal, dor no ato sexual ou lesão nos órgãos genitais. Exames médicos detectam facilmente o problema;
Psicológicos: depressão, insegurança, estresse, síndrome do pânico, cansaço excessivo, desgaste e conflitos conjugais, culpa, educação muito rígida ou situações traumáticas de abuso sexual. As causas psicológicas são as mais comuns, porém, também são mais difíceis de serem detectadas. Muitas vezes, o primeiro diagnóstico depende mais da própria mulher do que do especialista.
DSH na gravidez geralmente é insegurança
Durante a gestação, muitas mulheres ficam preocupadas com a saúde do bebê e acabam evitando as relações sexuais. No entanto, salvo em casos de risco de aborto ou de nascimento prematuro, o sexo está liberado do primeiro ao último trimestre da gravidez. Espantadas as inseguranças e os mitos, a mulher pode se soltar mais e curtir os benefícios que vêm associados ao barrigão, como o aumento da lubrificação vaginal.
É muito comum no pós-parto
Além das oscilações hormonais, da insegurança com os desafios da maternidade, a atenção da mulher fica voltada para aquele pequeno ser tão frágil e que exige muito dela. Por isso, é completamente normal que as mulheres demorem de três a quatro meses para encarar o sexo novamente. A gente sabe que, para o parceiro, pode não ser fácil, mas o ideal é que ele entenda que a chegada de um bebê é um momento especial e de muitas mudanças, mas que logo tudo voltará a fluir normalmente. Se começar a passar dos seis meses e nada do desejo voltar, o ideal é procurar o ginecologista ou um terapeuta sexual.
Pode ser uma questão de inadequação de preferências
Seu parceiro adora fazer sexo ao acordar, já você está mais disposta no período da noite. Essa incompatibilidade de preferências também pode minar o desejo sexual. Por isso, é muito importante que vocês conversem sobre qual é o melhor momento para a prática. Além disso, vale tentar entender melhor o seu próprio corpo, conhecer as carícias e posições de que você mais gosta e contar para o parceiro. Sem pressão e com companheirismo é muito mais fácil de o casal se acertar e manter a relação cada vez mais acesa.
Falar sobre o problema é o primeiro passo para resolvê-lo
A falta de desejo sexual ainda é vista com preconceito pela sociedade. Muitas vezes, as pessoas demoram (ou não querem) para perceber que perderam o interesse pelo parceiro, o que, aos poucos, pode minar a relação. Para que você lute contra isso, é muito importante prestar atenção em seus sentimentos e, assim que reconhecer que algo está errado, não pode achar normal. O diálogo é a primeira medida para trabalhar a disfunção, especialmente se ela estiver atrelada aos motivos psicológicos. Por mais difícil que possa parecer, conte para o seu parceiro suas angústias, pois ele vai ajudá-la. Forçar o sexo pode criar traumas piores, ou seja, nada de ir para a cama sem vontade. O DSH também pode estar associado com perda de autoestima, por isso, tão importante quanto reconhecer o problema e se abrir para o diálogo, é não se esquecer do seu lado mulher. Que tal tirar um tempo só para fazer coisas de que você gosta e faz bem? Afinal, felicidade também aumenta a autoconfiança e a autoestima.