Em meio a tantas tarefas para equilibrar na rotina, é preciso, sim, ter um momento só para você.
Se antes de se tornar mãe o tempo já era curto, depois da maternidade, então, virou artigo de luxo. Não estou falando de tempo para ir ao mercado ou ao banco ou à lavanderia, e sim daquele precioso dedicado a você.
A maternidade chega com uma força estrondosa. Vem para ocupar o lugar central e se espalha. Toda a visão de mundo, perspectivas e sonhos se transformam e passamos a orbitar ao redor da criança. Enquanto bebês, os filhos têm a hora de comer, a do sono, a de brincar e são totalmente dependentes. À medida que vão crescendo, começam as atividades: escola, natação, inglês... E você está lá, de novo, equilibrando os pratos na intensa rotina familiar.
Sem falar no tempo para ser a profissional de sucesso, a filha dedicada, a dona de casa perfeita. Sobram cinco minutos para você?
Comparo tudo isso ao fôlego que um nadador precisa recuperar para submergir de novo em um longo mergulho. É um tempo para ser você de novo. A mulher e não esse ser multitarefas que nos tornamos.
É vital para o equilíbrio emocional que esse tempo seja respeitado. Que a cuidadora da família passe a se cuidar um pouquinho também. Vamos começar pelo lado de fora, pela estética. Não há mal algum em se sentir bonita, faz bem para a alma, para a libido, para a autoestima. Uma hora na manicure não vai torná-la uma mãe menos zelosa. E a ginástica, então? Além do bem-estar, é uma questão de saúde. Se precisar de motivação, lembre que mulheres que praticam atividade física são menos estressadas, têm menos TPM, dormem melhor e vivem mais.
Outro ponto importante é a saúde mental. Você tem tempo para alguma atividade de lazer? Não é do parquinho que estou falando. Apesar do passeio com as crianças também ser prazeroso, ter um espaço na agenda para SEUS hobbies e SUA vida social traz satisfação.
A psicoterapia também pode fazer diferença. A transformação que a maternidade traz (junto com o acúmulo de funções, a readaptação do casamento, a culpa e outros conflitos) gera ansiedade, depressão e até uma sensação de inadequação. Uma pessoa neutra para nos ouvir ajuda a criar mecanismos para mudar ou aceitar o que não pode ser mudado.
No meu dia a dia como mulher, mãe e médica percebo que as mulheres estão ansiosas e sempre correndo: sem tempo para fazer exames de rotina, cuidar de si próprias e até mesmo desfrutar de coisas simples, como um café.
Também sei, por experiência própria, que é possível, sim, criar tempo. Com organização, negociação e ajuda dá para, no mínimo, incluir a ginástica na rotina. Mas antes de tudo, é necessário se permitir, se dar uma folga, sem culpa por querer ser simplesmente mulher.