Fui convidada para dar assessoria em uma grande e bem conceituada escola. A grande reclamação era a falta de limites e respeito por parte dos alunos. Foi me dada total liberdade para trabalhar com todos os envolvidos, isto é, equipe pedagógica, pais, alunos e funcionários.
Comecei observando pelo lado de fora e pela entrada dos pequenos. Em meia hora, pude notar muitas crianças batendo em adultos e dando-lhes ordens com o dedo em riste. E eu pensava: se do lado de fora está assim, imagine portão adentro quando se juntam todos eles. Na hora do recreio vivi o caos. Os alunos berravam, atropelavam-se, não respeitavam as filas, nem as regras das brincadeiras, nem as diferenças de idades.
No meio do pátio, dois se atracavam perigosamente e a torcida era animada. Uma funcionária gritava, mas ninguém a ouvia ou mesmo a notava. Perguntei-lhe: “Por que não os separou?” Ela respondeu: “Tenho medo de ser processada pelos pais.” Na sala de aula, a professora esforçava-se para cumprir o planejado, mas gastava o tempo com discursos que pareciam não surtir efeito. A expressão facial e corporal dos alunos já dava o recado: não respeitavam nada e ninguém.
Uma escola não pode fazer milagre. A parceria entre ela e a família é fundamental para a boa educação da criança. E esta educação começa em casa. O que tenho percebido no dia-a-dia é que quando a criança não respeita os pais, ela não respeita mais ninguém, além de, autoritariamente, impor seus próprios limites. Vocês têm observado isso na sociedade?
Mas, como os pais podem ajudar os filhos a terem limites e respeito? Seguem algumas dicas.
- Não tenha medo de colocar limite. Não pense que seu filho é muito pequeno, nem que a frustração é ruim, ou que ele deixará de amá-lo(a). Pelo contrário, ao receber limite a criança sente-se protegida, segura e amada.
- Reveja os papéis. Não são os filhos que educam os pais e nem eles estão prontos para se educarem.
- Ensine-o a ter respeito por você. Valorize-se para que ele possa fazer o mesmo. E, não seja subserviente. Você não é escravo do seu filho, é mãe ou pai dele. Ensine-o a agradecer e a valorizar o que você faz por ele, o que não significa cobrar.
- Não se educa por decreto. O autoritarismo gera medo ou falta total de respeito. Invista sim na autoridade. E, repense as ameaças. Além de não colaborarem, em geral, os pais não as cumprem e com isso, os filhos perdem a confiança e não dão mais importância ao que dizem.
- Não seja omisso e nem deixe para lá. Faça como Ivan Lins: “Não lavei as mãos e é por isso que eu me sinto cada vez mais limpo.”
- Ensine-o a olhar em volta, a perceber as pessoas, os lugares e a respeitá-los. Para viver em sociedade não é possível e nem bom cada um ter as próprias regras.
- Lembre-se que seu filho sempre o observa e ele tenderá a imitá-lo. Assim, fique de olho no seu comportamento. Somos mais contraditórios do que imaginamos.
- Não deixe para depois. Se educar dá trabalho, consertar dá muito mais. Melhor já fazer direito.
Afinal, limite e respeito, quem não gosta?