Segundo estudo, toque pele a pele entre mãe e bebê prematuro melhora o controle cognitivo da criança a longo prazo
O contato pele a pele entre a mãe e o bebê já provou ser importante para estimular o desenvolvimento físico e psicológico da criança, especialmente em prematuros. A novidade é que os benefícios deste contato podem ser sentidos até os 10 anos, segundo aponta um estudo recente feito pela Universidade de Bar-Ilan, em Israel, e publicado no jornal científico Biological Psychiatry.
O chamado método canguru é um tipo de assistência neonatal baseada no contato direto entre o corpo da mãe e do bebê. A criança, vestindo apenas uma fralda, é colocada em contato com o tórax da mãe (ou do pai) na posição vertical. Isso ajuda a regular a temperatura do corpo do bebê e fortalece os laços afetivos.
No estudo, os pesquisadores acompanharam 73 mães de bebês prematuros que adotaram o método canguru durante uma hora por 14 dias consecutivos, enquanto os bebês estavam na unidade neonatal. Para efeito de comparação, foram monitorados outros 73 prematuros que receberam cuidados convencionais numa incubadora.
Ao longo da década seguinte, ambos os grupos de crianças foram avaliados mais sete vezes.
Os resultados mostram que as crianças tratadas com método canguru desenvolveram melhor a capacidade cognitiva.
As mães também se beneficiaram e, logo no primeiro semestre de vida do filho, aquelas que praticaram método canguru se mostraram mais sensíveis em relação à criança, com maior vínculo materno.
Ao completar 10 anos, as crianças que tiveram contato pele a pele com a mãe quando bebês apresentavam sono mais organizado, melhor controle cognitivo, resposta atenuada ao estresse e melhor funcionamento do sistema nervoso.
Outros estudos confirmam a hipótese de que o método canguru melhora o crescimento e desenvolvimento físico e mental dos bebês. Mas, segundo os autores da pesquisa israelense, este é o primeiro trabalho a demonstrar os efeitos a longo prazo que o método pode ter sobre a organização psicológica e o controle comportamental das crianças.
Origem do método canguru
A proposta surgiu na década de 1980, quando o médico Edgar Rey Sanabria, professor de neonatologia e pediatria do Instituto Materno Infantil de Bogotá, na Colômbia, se assustou com a alta taxa de mortalidade de bebês prematuros em seu hospital.
Ele decidiu, então, introduzir um novo método para enfrentar a falta de incubadoras e de atenção especializada para esses bebês. Edgar sugeriu que as mães tivessem um contato pele a pele com os filhos para mantê-los aquecidos e facilitar a amamentação.
O método não só reduziu a mortalidade como também melhorou o desenvolvimento dos bebês. Com o tempo, foi se expandindo a outros hospitais colombianos e tornou-se conhecido em todo o mundo.
No Brasil, ele chegou em 1997 no Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP). Em 2000, o Ministério da Saúde publicou a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso, atualizada posteriormente pela Portaria nº 1.683 de 12 de julho de 2007. O objetivo foi mudar a postura dos profissionais e fazer com que o método canguru se desenvolvesse no país.