É normal a criança estranhar pessoas fantasiadas. Veja como ajudar o seu filho
Você chega na festa de um amigo do seu filho e, logo na entrada, tem um palhaço recepcionando os convidados. Seu filho não quer nem saber de entrar. Abre o berreiro e vocês precisam até voltar para casa já que ele não se acalma. Se você se identificou com a situação e já passou por algo parecido, saiba que não está sozinha. “É muito normal a criança sentir medo de palhaços e mesmo de outros personagens ou fantasias”, diz Elisabete da Silva Duarte, coordenadora pedagógica da educação do Colégio Nossa Senhora do Morumbi (SP).
Tudo se resume ao desconhecido, como explica Elisabete: Quando a criança nasce, ela tem um conhecimento emocional e de outros sentidos, como o tato, a audição, a sensação da água na pele. O resto do mundo é um enorme desconhecido, que ela vai descobrindo, se acostumando e gostando aos poucos.
Ao ver uma pessoa fantasiada, a criança não entende muito bem o que está acontecendo, não relaciona aquilo a uma roupa, uma maquiagem. Por isso ela estranha e pode não querer se aproximar daquele ser que é diferente e, convenhamos, um tanto espalhafatoso e barulhento.
Para passar o medo – Esse receio de figuras diferentes não tem idade certa para começar e nem para passar, embora seja mais comum em crianças dos 2 aos 4 anos. E o melhor jeito de lidar com o sentimento do seu filho é conhecer e respeitar os limites dele.
“Não adianta forçar uma aproximação dizendo que não é nada, ou que é bobagem. Também não resolve esconder os palhaços para sempre dos olhos da criança”, diz Elisabete, ressaltando que uma situação mal resolvida na infância pode até resultar no medo que alguns adultos sentem de palhaços, problema conhecido como coulrofobia.
Foi assim, com jeito, que Ambrosina Purificação resolveu uma saia justa na festa de aniversário de 4 anos da filha Yasmin Ariel. “Contratei um recreador que se veste de palhaço e faz brincadeiras com fantoches. Na hora que a Yasmin o viu, correu e se escondeu. Disse que não queria ver e não gostava de palhaço. Fiquei praticamente a festa toda sentada numa mesa longe do rapaz. Não forcei, mas mostrei para ela que as outras crianças estavam se divertindo. Depois do parabéns, quando o rapaz já estava arrumando as coisas para ir embora, ela pediu para ir perto e quis tirar até uma foto com ele fantasiado.”
Ambrosina conseguiu resolver a situação rapidamente, mas com outras crianças pode ser necessário um processo gradual e mais lento, como mostrar o palhaço na TV, de longe em circos ou festas e aproveitar os muitos vídeos que existem na internet para explicar que, por baixo da maquiagem, das roupas e da peruca, existe uma pessoa comum. O mais importante de tudo é você mostrar ao seu filho que está ao lado dele, para proteger e ajudá-lo. Se ele se sentir seguro, ficará mais fácil que enfrente este ou qualquer outro dos muitos medos que surgirão ao longo da vida.