A partir de março de 2014, a vacina contra o HPV será oferecida na rede pública brasileira, inicialmente, para meninas de 11 a 13 anos. Nesta quarta (18), o Ministério da Saúde anunciou que vai ampliar o grupo prioritário já em 2015, quando meninas de 9 e 10 anos também serão contempladas pela vacinação.
O vírus do papiloma humano é responsável por cerca de 90% dos casos de câncer do colo de útero, o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres. Ele é transmitido por meio do contato sexual.
No próximo ano, o governo pretende distribuir 18 milhões de doses por todo o país. A vacinação deverá acontecer nos postos de saúde e nas escolas públicas e particulares.
A idade mínima para tomar a primeira dose foi definida a partir de pesquisas sobre o início da vida sexual das adolescentes brasileiras. Atualmente, cerca de uma em cada cinco mulheres no oitavo ano do ensino fundamental (13 ou 14 anos) afirma já ter feito sexo, de acordo com dados do Ministério. As evidências científicas mostram que a vacina é mais eficaz quando introduzida antes do início da atividade sexual.
A vacina que será disponibilizada pela rede pública será a quadrivalente, que protege contra quatro tipos do vírus: subtipos 6, 11, 16 e 18. Estima-se que os dois últimos sejam responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero. Ela é dada em três doses. A segunda deve ser tomada dois meses após a primeira e a terceira seis meses após a segunda.
A vacina será produzida pelo Instituto Butantan a partir de uma parceria com a empresa MerckSharp&Dohm, que detém a tecnologia. Haverá uma transferência de tecnologia e a expectativa é que até 2018 o Instituto tenha absorvido todo o ciclo tecnológico da produção.
Estima-se que mais de 290 milhões de mulheres no mundo sejam portadoras do HPV. No Brasil, cerca de 685 mil pessoas são infectadas pelo vírus a cada ano e 4.800 mulheres morrem em decorrência do câncer de colo de útero.
Segundo o Ministério da Saúde, haverá durante o próximo semestre um esforço para informar a população sobre a novidade. Também será necessário conscientizar os pais e as adolescentes da importância da vacina. Por ser um vírus relacionado à atividade sexual, o Ministério quer evitar que se construam tabus em torno do problema. Além disso, será preciso deixar claro que a vacina não eliminará a necessidade de uso da camisinha durante as relações sexuais, já que a vacina não protege contra todos os subtipos do HPV nem contra outras doenças sexualmente transmissíveis.