Conclusão é de estudo realizado por pesquisadores da USP em Ribeirão Preto
Um estudo divulgado esta semana pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP reuniu novas evidências de que o parto cesárea é um fator de risco para a obesidade em jovens, se comparado aos nascidos de parto normal. Segundo a pesquisadora Denise Nascimento Mesquita, uma das explicações para essa conclusão é que a cesárea induz a mudanças na microbiota intestinal (as bactérias do intestino) e aumenta esse risco.
A literatura científica já mostrou que a microbiota das crianças que nascem de parto normal e cesariana são diferentes. Isso acontece porque, durante o parto normal, o bebê passa pelo canal vaginal e tem contato com muitas bactérias. “O que conseguimos identificar pela primeira vez é que a cesariana também pode contribuir para a obesidade abdominal e subcutânea na idade adulta, e não somente para a obesidade total medida pelo índice de massa corporal, como já fora demonstrado em outro estudo com essas mesmas pessoas”, explicou Denise em nota.
Para medir a influência do tipo de parto no ganho de peso, a pesquisa avaliou se outros fatores, como as condições da mãe, da gestação e do recém-nascido influenciaram na obesidade abdominal e subcutânea. Avaliou, ainda, se os hábitos de vida e fatores socioeconômicos também aumentaram a chance de a pessoa apresentar esse tipo de obesidade. O estudo foi realizado com 2.063 jovens de Ribeirão Preto com entre 23 e 25 anos, nascidos entre 1978 e 1979.
Os pesquisadores utilizaram cinco medidas como indicadores de obesidade. Embora os outros itens avaliados no estudo tenham sido associados com maior índice de gordura corporal, demonstrou-se que o parto cesariano estava relacionado ao aumento das cinco medidas. Ou seja, a pesquisa leva em conta o fato de que o aumento de gordura corporal não tem apenas uma causa, mas confirma que a cesárea é um dos fatores de risco. O professor e pediatra Marco Antonio Barbieri, que orientou o novo estudo, já havia realizado outra pesquisa que apontava a cesárea como fator de risco para a obesidade infantil.