A introdução precoce é preocupante e pode favorecer o desenvolvimento de doenças crônicas na criança
Uma das primeiras orientações que as mães recebem é a de que é importante amamentar seus filhos até os 6 meses de idade, quando começa a introdução de alimentos sólidos e pastosos na dieta. Porém, um novo levantamento realizado pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos mostrou que 40% dos pais estão dando alimentos aos pequenos antes dos 4 meses de vida.
O maior porcentual foi encontrado entre os bebês que eram, anteriormente, alimentados com fórmulas (52,7%) e a menor, entre as crianças que só consumiam leite materno (24,3%). “Meu bebê está com fome”, “Já tem idade suficiente”, “A comida ajuda meu bebê a dormir”, “Meu filho quer experimentar o que eu como” e “Meu médico me orientou assim” são as principais justificativas mencionadas pelos pais para a antecipação dos alimentos.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo alertam para o fato de que amigos e parentes também podem influenciar nas decisões das mães em relação à alimentação infantil. Um estudo anterior revelou que as opiniões da família eram o fator mais importante para as mães de baixa renda decidirem se iriam amamentar ou não a criança.
Para o pediatra Marcelo Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, apresentar a comida sólida antes da hora pode prejudicar a formação do sistema imunológico da criança. “Somente o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses é capaz de fortalecer o organismo do bebê. Por mais que a mãe zele pela composição e qualidade da dieta, se o sistema imunológico ainda não está completamente formado, há também o risco de alergias alimentares precoces e até doenças crônicas”, avisa o especialista.
A primeira papinha
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que a primeira papinha comece a ser dada a partir dos 7 meses. Águas, chás ou quaisquer outros alimentos devem ser evitados até esse período, por mais que os pais os considerem leves ou inofensivos.
Além de respeitar a idade certa, a introdução dos alimentos na dieta do bebê deve ser feita de forma gradual. O pediatra Victor Nudelman do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) explica abaixo o melhor jeito de começar:
- Escolha um dia e ofereça um suco de laranja-lima no meio da manhã, entre uma mamada e outra – e não perca por nada o rostinho de espanto que o bebê vai fazer ao experimentar o novo sabor.
- Comece a oferecer as papinhas de frutas depois de três, quatro dias. Escolha um horário entre as mamadas na parte da tarde e observe se o organismo da criança reage bem.
- Depois de uma semana, organize o horário das mamadas para oferecer a papinha salgada na hora do almoço. Continue com o suco e a papinha de frutas no lanche.
- Quando o bebê já estiver habituado, é hora de dar a papinha salgada no jantar, também. E papinha de frutas como sobremesa, nas duas refeições.
Quantidade ideal
Algumas crianças comem mais do que as outras e, aos poucos, os pais conseguem estabelecer o ‘tamanho do prato’ ideal para o filho. Mas aí vão algumas referências para começar:
- dos 6 aos 9 meses: de quatro colheres (das de sopa) a uma xícara
- dos 10 aos 12 meses: uma xícara cheia
- de 1 a 3 anos: um prato infantil completo
Atenção aos temperos
A papinha é o primeiro contato do seu filho com os novos sabores. Para estimular essa degustação da melhor maneira possível e evitar problemas de saúde, a regra é temperar com pouco sal. A dica da nutricionista Andréia Veiga, da empresa Pequenos Gourmets, é usar, nas refeições salgadas, ervas naturais, como salsinha, cebolinha, manjericão e orégano, cortadas em pedaços bem pequenos, para serem mastigados facilmente. Temperos fortes como pimenta e curry são vetados. Para as primeiras saladas, use tempero como azeite, cebola e uma pitadinha de limão. Evite qualquer aromatizante, como açúcar, canela e cravo, nas papinhas doces. A própria fruta confere a doçura necessária para deixar a refeição gostosa.