Teste, que não oferece riscos ao bebê, pode ser feito a partir da nona semana de gravidez
Novidade para as mulheres brasileiras. Agora, é possível saber se o bebê terá algum problema cromossômico (entre eles, a síndrome de Down) fazendo um simples exame de sangue durante a gravidez. O teste, que se chama NIPT Panorama e existe no mercado norte-americano há pouco mais de um ano, acaba de ser disponibilizado pelo Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (IPGO).
Ele funciona da seguinte maneira: uma amostra de sangue é recolhida da gestante, por meio de um exame comum, e enviada para verificação nos Estados Unidos. Lá, os profissionais pegam os fragmentos do DNA do feto que circulam na mãe e fazem uma análise completa, podendo identificar possíveis alterações no material genético. Isso pode ser feito a partir da nona semana de gravidez, e o resultado sai em aproximadamente 15 dias (sem contar o tempo de envio da amostra).
“Antes disso, essas síndromes eram detectadas no país por meio do exame do líquido amniótico retirado do abdômen da mulher com uma agulha (amniocentese) ou da biópsia do vilo corial, em que um pequeno pedaço da placenta é retirado por meio da vagina. Só que essas duas maneiras oferecem riscos ao feto”, explica o ginecologista Arnaldo Cambiaghi, diretor do IPGO. No primeiro procedimento, o risco de aborto é de 0,5%; no segundo, de 1%.
Além da síndrome de Down, o novo exame é capaz de detectar as síndromes de Turner, Klinefelter, Triplo X, Edwards e Patau. Essas duas últimas, as mais graves, são caracterizadas por deficiências intelectuais severas, defeitos congênitos no cérebro e em outros órgãos e geralmente a expectativa de vida é bastante curta.
Por enquanto, um dos maiores problemas do teste é o preço: R$ 3,5 mil. Segundo Cambiaghi, no entanto, espera-se que o valor diminua após essa fase inicial de implantação.
Quando é indicado
De acordo com o documento oficial da IPGO, o NIPT Panorama é indicado a mulheres com idade avançada, casais com histórico de doenças cromossômicas e gestantes que tiveram resultados suspeitos em exames de ultrassom e de sangue. Ou seja, aquelas que têm mais chances de terem filhos com algumas dessas síndromes.
Apesar de não oferecer riscos, o exame não pode ser feito por grávidas de gemelares, mulheres que engravidaram a partir de óvulos doados e aquelas que se submeteram a transplante de medula óssea.
Resultados positivos
O exame tem 99% de precisão, segundo o IPGO. “Se alguma síndrome for detectada por ele, o ideal é fazer uma biópsia do vilo corial ou a amniocentese. Mas isso vai depender da decisão do casal”, afirma o obstetra Abner Lobão, da Unifesp. Caso a condição seja confirmada mais uma vez, cabe ao médico orientar a paciente. “Nosso trabalho é encaminhar a mulher a especialistas que saibam como acompanhar aquela criança. Eles farão com que o casal se acostume com a ideia e se prepare para receber um filho que exigirá cuidados especiais”, finaliza Cambiaghi.