Eles podem ajudar a criança a praticar exercícios e até a tomar gosto por esporte. O preparador físico Marcio Atalla, consultor do Fantástico, alerta: brincadeiras tradicionais são sempre melhores

Desde que ganhou um videogame seu filho não o abandona por nada? Bom, ele não é o único. Os problemas disso, você já sabe: sedentarismo, obesidade infantil, isolamento. Novo estudo traz uma boa notícia: games de movimento corporal podem trazer, sim, benefícios às crianças. A informação vem direto da George Washington University, em Washington, nos Estados Unidos, onde pesquisadores decidiram partir na direção contrária e analisar o quanto jogos virtuais de esportes e dança poderiam ser benéficos para ajudar as crianças a fugirem do sedentarismo.

Para descobrir, eles monitoraram os movimentos e analisaram o gasto calórico de 104 crianças entre 8 e 13 anos enquanto elas jogavam videogames como Kinect e Wii. O resultado mostrou que esses jogos que exigem movimentação do corpo contribuem para as crianças se manterem mais ativas. “Tirar o estigma de vilão do videogame é bom, uma vez que eles estão cada vez mais presentes na vida das crianças” diz a professora de educação física Nara Rejane, do Departamento de Ciências do Movimento Humano da Universidade Federal de São Paulo.

“Muitos jogos estimulam a atividade motora e pode fazer com que a criança tome gosto pelo esporte e queira conhecer mais”, completa.

Porém, o importante é saber que o videogame não pode ser a única forma de diversão do seu filho nem a principal forma de atividade física. “Esses jogos promovem gasto calórico, sim, mas não adianta nada a criança gastar um monte de energia na dança e comer fast food depois”, acredita Nara. Além disso, é preciso controlar a quantidade de horas de jogo por dia e promover diversidade de brincadeiras.

Virtual x Real

Se por um lado os videogames ativos são bons porque exigem movimentação da criança, por outro eles não trazem benefícios tão completos quantos as brincadeiras infantis tradicionais. De acordo com o preparador físico e consultor do Fantástico Marcio Atalla, eles são benéficos para quem é muito sedentário, mas não chegam aos pés de uma boa brincadeira. “Videogames trabalham com um aspecto reativo da criança, já as brincadeiras exigem pró-atividade, ou seja, ela precisa correr, pular, mudar de direção, lidar com obstáculos”, explica.
 
Outro ponto positivo para as brincadeiras ‘ao vivo’ está relacionado ao convívio social, como enfatiza Nara: “Enquanto está envolvida em um jogo com os amigos, a criança está aprendendo a interagir, respeitar, dividir, ela entende o que é certo e errado e também as consequências de se ‘quebrar uma regra’. Tudo isso é essencial para o desenvolvimento físico e psicológico”.

Exemplo é bom

Além do desenvolvimento psicológico das brincadeiras, há também todos os benefícios que uma atividade física traz, como a melhora cardiorrespiratória e pulmonar, fortalecimento muscular e gasto de calorias. Por isso, Atalla explica que o brincar pode ser fundamental para a criança manter a saúde em ordem e, mais tarde, até tomar gosto pelo exercício físico.

Mas para que tudo ocorra bem, o exemplo precisa vir de casa. “Não adianta nada o pai só mandar a criança ir brincar, o ideal é que ele participe desse processo”, diz Atalla. “Os pais podem aproveitar os momentos de lazer não só para descansar, mas também para levar as crianças para gastar energia. No final de semana, por exemplo, em vez de ficarem quatro horas dentro de um shopping, podem dividir o tempo para levar o filho ao parque, andar de bicicleta. Lembre-se que quanto mais cedo a criança tomar gosto pela atividade física, mais saudável será seu desenvolvimento”, finaliza o preparador físico.

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