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Meu filho tem 5 anos e acho que ele está com algum problema de relacionamento. Sempre surge uma briga quando ele está no meio, e na maioria das vezes, o apontam como o culpado. Já observei e é verdade. Ele não aceita "não" e, quando contrariado, cai no choro se fazendo de vítima. Não sei mais o que fazer. Já disse que ele cresceu e não deve chorar por tudo, expliquei que é normal dizer e aceitar "não". Tenho um bebê de 5 meses e, desde então, as coisas só pioraram. Ele ficou ainda mais chorão e ciumento! O que eu faço? Vilma Alves, mãe de Rafael, 5 anos, e Daniel, 5 meses
TANIA ZAGURY: Há uma parte inata na personalidade que não pode ser totalmente mudada, mas pode ser atenuada, de forma a fortalecer o que uma dada característica tem de bom e minimizar os problemas que poderiam acarretar. No caso do seu filho, ele precisa aprender a aceitar os “nãos”: De nada adianta explicar e voltar a explicar, como você vem fazendo. Funciona melhor mostrar com ações que ele nada ganha tendo chiliques ou agredindo os outros. Exemplo: Se ele estiver brincando no play e se comportar agressivamente, leve-o de volta para casa; diga apenas uma vez e de forma bem clara e séria: “vamos para casa agora, porque você não está se comportando. Enquanto não respeitar também o que os amigos querem, vai brincar sozinho.” E não ceda, ainda que ele chore ou tenha chiliques. No dia seguinte, comece tudo de novo. Se ele se comportar, elogie e explique claramente porque gostou. Se não se comportar novamente, repita o que fez no dia anterior. Aja assim também com os chiliques. Ele se jogou no chão? Não faça absolutamente nada nem atenda ao que ele queria apenas providencie para que ele não se machuque e que não quebre objetos. Em pouco tempo, ele vai entender que não adianta agir dessa forma, e mudará de estratégia. Além disso, ele também precisa se certificar de que não vai perder o amor de vocês, pela chegada do irmãozinho. Mas dê-lhe um tempo para suportar a transição de filho único. Não fale nada a respeito disso com ele, não vai adiantar, mas aja de forma que ele perceba que continua tendo atenção e muito amor. Ter ciúmes é normal; aceite que ele está inseguro. Sempre que puder arranje um tempinho para fazer alguma atividade só com ele (atenção, isso não significa mimar, nem deixá-lo fazer coisas erradas!). Aos poucos tudo deve melhorar, mas é que se juntaram duas situações difíceis para ele, daí a piora emocional. Mas, se você agir como descrevi tudo entrará nos eixos.
Tenho uma filha de 4 anos, que é muito inteligente e articulada. Tem sempre uma resposta pronta e uma solução para tudo o que quer. Mas não consegue ficar parada para fazer as coisas: almoçar, brincar, etc. Apenas na TV. Sinto que ela não consegue se concentrar muito e tem dificuldade de fazer escolhas e tomar decisões. Vale lembrar que estamos com um bebê de 4 meses em casa. Ela adora sua irmã. Não demonstra ciúmes. O que posso fazer?na Paula Nicolau Barbosa
T.Z.: Pelo que relatou, não me parece que sua filha tenha problema com escolhas. Talvez você esteja esperando mais do que ela pode dar aos 4 anos. O comportamento dela com o bebê é maravilhoso, poucos pais tem essa sorte! Isso denota segurança e maturidade emocional. Quanto à concentração, é cedo para afirmar qualquer coisa. Lembre-se de que, nessa idade, o tempo máximo de concentração costuma ser de 10 a 15 minutos para cada atividade. Continue observando-a, mas dê tempo ao tempo.
Meu filho se chama Matheus e acabou de fazer um ano. Gostaria de saber se ele já entende a palavra não. Como qualquer outra criança explorando o mundo, quando ele mexe no rack, por exemplo, eu falo, não. Mas ele continua a mexer. Será que ele já entende o que estou falando? Não sei se somente retiro ele do local e deixo os nãos para quando ele estiver entendendo mais as coisas. Mayana Mol
T.Z.: Ele entende sim, mas ainda não sabe qual o real alcance e significado da negativa. Explicando melhor: a criança só para de mexer no rack quando consegue processar o não para chegar à generalização o que ao adulto pode parecer teimosia. Para formar conceito ou generalizar regras a criança precisa repetir várias e várias vezes a mesma coisa, até compreender que a negativa é para sempre. O “não mexe” pode ser percebido como “não mexa agora”, ou ainda “não mexa hoje”. É preciso muitos nãos e muita paciência até que ela entenda que nunca deve mexer ali. Só então terá generalizado. É um processo, uma competência de aprendizagem que lhe permitirá respeitar a regra sempre, mas que demora um pouco a ocorrer, podendo variar de criança para criança. Para ajudar, sugiro que, ao mesmo tempo em que você fala “aí não pode”, ofereça alguma outra opção. Por exemplo: “Aqui nessa estante não pode, mas aqui nessa gaveta pode”. Assim ela compreenderá que tem outras possibilidades e não ficará tão focada no que a atraiu. Essa técnica de “distrair a atenção” da criança com outro oferecimento ajuda muito e costuma funcionar extremamente bem. E espere um pouco mais pelos resultados. Afinal seu filho só tem um ano... Custa um pouco sim, mas a aprendizagem vem quando menos se espera!