Como os padrastos devem agir em relação à educação de enteados? O ideal é ajudar? Ou não?
Karina Canfild
T.Z.: Claro que sim, o ideal é compartilhar tudo, como casal. Mas é aconselhável conversar com o marido e dizer com toda franqueza, de que forma vem educando seus filhos, o que ficou a seu cargo na separação e o que ficou a cargo do ex-marido. Explique também o que gostaria que ele fizesse. Isto é, deixe claro até onde as atitudes dele, como padrasto, serão apoiadas e as que você acha que devem ser de exclusiva alçada do pai ou sua. É importante haver esse acordo prévio para evitar desgastes, discussões na frente das crianças e consequente perda de autoridade.
Meu filho tem 1 ano e 5 meses, e, quando contrariado, ou até mesmo sem motivos, ele bate no meu rosto, morde ou puxa cabelo. Sempre comigo! Às vezes ele faz isso com o pai. Na escolinha, quando pergunto sobre o comportamento dele com as babás e as demais crianças sou informada de que ele não dá trabalho. Tudo mundo diz que é só uma "fase", mas não está passando. Como devo agir? Márcia Petenuci, 26 anos, mãe de Mauro Augusto, 1 ano e 5 meses
Tania Zagury De fato é uma fase, mas que pode acabar se tornando atitude de todo dia, caso você não atue de forma educativa. Se ele é comportado com outras pessoas e bate só na mãe e às vezes no pai , é porque sabe que pode fazer isso... Em outras palavras, com outras pessoas seu filhote já aprendeu que há um limite para o que ele pode fazer, já com você percebe que pode fazer tudo. É preciso que ele entenda que há uma diferença de acolhimento quando ele age de forma adequada e quando não. Na verdade, ele já sabe. Tanto que age adequadamente com estranhos. Então ao ensinar que cada ação corresponde uma reação, você o estará ajudando a compreender o que é a vida: se você é agressivo ou inadequado com as pessoas, recebe ou frieza ou afastamento; sendo educado, recebe carinho, brincadeiras e afeto. Sempre que ele lhe bater ou agredir de outras formas, mude de atitude imediatamente. Se estava brincando, pare de brincar e diga com clareza e objetividade porque parou. Complete explicando apenas uma vez, com expressão bem séria, que só vai brincar novamente quando ele se comportar. E nesse dia não brinque mais mesmo. Claro, atenda às necessidades dele, com certo distanciamento, para ele compreender que quando agride, consegue em troca afastamento. Não bata, não agrida, não grite. E não fale nada mais a respeito. Apenas aja! Não pense que ele não entenderá. Toda vez que ele bater ou tiver um chilique, tome a mesma atitude. Em poucas semanas ele deve parar. Mas é preciso que os dois tenham a mesma atitude.
Trabalho a maior parte do tempo em casa, por isso meu filho fica com a babá somente meio período. Com o tempo fui percebendo que no período que ele fica aos meus cuidados as coisas desandam. Não sou do tipo de mãe superprotetora ou melosa, aliás, acho que sou muito prática e objetiva (aprendi a ser assim em virtude da profissão). Será que o meu filho percebe esse meu jeito e fica manhoso quando está comigo? Ou será que falta um pouco mais de carinho? Por exemplo, eu brinco, dou mamadeira, na hora de tirar uma soneca eu pego ele no colo, porém, quando começa com birra ou choro sem motivo para chamar a atenção (sempre que o coloco no carrinho), falo sério com ele e não dou muita atenção. Será que esse meu jeito está errado? Elaine Cristina Dias, mãe do Guilherme, de 11 meses
T.Z.: Elaine, não deu para perceber exatamente o que significa “as coisas desandam”... Mas pela descrição que fez me pareceu que ele está tentando lhe dizer que gosta de ficar com você e que quer mais tempo contigo. Não há problema algum em ser prática e objetiva, desde que isso não signifique distanciamento ou algo do tipo “estou louca para terminar essa chatice”. Mesmo que você faça tudo com perfeição, se houver ansiedade para “se livrar” de atividades que lhe parecem tediosas, esse sentimento será percebido, e ele ficará inseguro. É um círculo vicioso: quanto mais o Guilherme sentir que você está esperando que o tempo passe rapidinho, mais tentará ficar com você. Procure descobrir quais são as atividades que mais lhe desagradam e tente deixá-las a cargo da babá se for possível. E reserve para as horas em que fica com seu filho, as funções que realiza com verdadeiro prazer. Ele sentirá a diferença e isso deve torná-lo mais calmo. Se você achar que não é isso que está ocorrendo, leia a resposta que dei à pergunta acima e proceda da maneira indicada.