Que mãe ou pai não fica com o coração apertado ao saber de casos de maus tratos a crianças em escolas? De acordo com especialistas, visitas frequentes, conversas e monitoramentos podem ajudar a garantir a segurança delas. Saiba mais

Quando escolhemos uma escola para nossos filhos, acreditamos que ela seja o melhor lugar, depois de sua casa, para que eles aprendam, se socializem, se desenvolvam, brinquem e... sejam felizes! Não passa nunca pela cabeça de nenhum pai ou mãe, que faz de tudo para as crianças, que ela possa ser maltratada longe dos olhos deles. Infelizmente, acontece  e vira e mexe casos de agressão são noticiados.

Nesta semana, por exemplo, a dona e diretora de uma creche na Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo, foi filmada enquanto agredia algumas crianças durante a refeição. O fato causou o espanto e, obviamente, a revolta de todos os pais envolvidos (e não envolvidos!), que jamais imaginaram que aquilo poderia estar acontecendo com os filhos deles.

Diante de casos como esse, não há como não se preocupar e repensar de que maneira é possível garantir a segurança das crianças. Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, dá dicas para a primeira e principal etapa a escolha da escola. “Antes de matricular seu filho, é preciso visitar a escola em momentos diferentes enquanto ela estiver funcionando. É fundamental também conversar com diretores, professores e funcionários do local, além de trocar informações com outras mães que têm filhos estudando ali para procurar referências. Vale também pedir um período de adaptação, de uma semana mais ou menos, para acompanhar a criança nas aulas”, diz.

Quando ela já estiver matriculada, não deixe os cuidados de lado. Segundo Quézia, a análise da criança deve ser feita constantemente. Se ela estiver com algum problema, demonstrará por meio de sinais dentro de casa, mudando de comportamento e apresentando traços de medo e insegurança.

“Não tem como ter certeza de que tudo está funcionando bem, às vezes as coisas fogem do nosso controle. Mas é possível identificar um problema através desses sinais”, afirma a especialista. Com os maiores, e que já sabem falar, é importante que a mãe converse com o filho, pergunte como foi o dia, o que ele fez de interessante na escola, como foi o almoço. “E é preciso ficar atento às respostas, pois as crianças podem inventar histórias. Se o seu filho disser algo preocupante, não entre em desespero. Espere um curto período de tempo e em seguida pergunte novamente sem induzir a resposta. Se ele repetir a história, vá atrás de mais informações”, completa.

E se tiver câmeras, ajuda?

Para deixar os pais mais tranquilos, algumas creches e escolas têm adotado sistemas de monitoramento por câmeras em que as salas de aula e os corredores são filmados em tempo real para que eles assistam sempre que quiserem. A medida, no entanto, divide opiniões. Algumas pessoas acreditam que ela é, sim, uma ferramenta eficiente para evitar complicações, enquanto outras acham que pode deixar os pais ainda mais neuróticos. “O uso de câmeras é válido. Mas é necessário fazer um trabalho com os pais mais ansiosos para que eles não fiquem ligados nisso o tempo todo”, diz Quézia.

Depois do trauma

Se mesmo com essas dicas seu filho for vítima de maus tratos, talvez seja preciso o acompanhamento de um especialista para ajudá-lo a passar por essa fase. “A notícia boa é que as crianças têm chance de recuperação muito grande, diferente dos adolescentes e dos adultos, em que o trauma fica mais vivo na memória. Elas têm condições de superar com mais facilidade”, conta Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo, em São Paulo.

De acordo com ela, a primeira visita ao terapeuta acontece apenas com os pais, que explicam a situação e fornecem os dados necessários. As sessões seguintes são feitas com os adultos e a criança juntos, sempre utilizando brinquedos e jogos, com os quais o psicólogo fará suas interpretações.

“A terapia pode durar meses ou até anos. O curioso é que, às vezes, quem mais precisa desse acompanhamento são os próprios pais e não a criança. Eles sofrem uma quebra de confiança muito grande nesses casos, entregando o filho a pessoas em quem confiam e recebendo uma traição. Eles podem apresentar problemas emocionais muito grandes”, finaliza. Assim, procurar ajuda será fundamental para os pais lidarem com a situação e, então, poder ajudar os filhos.

Ao retornar ao ambiente escolar, é importante ter paciência com as crianças. A adaptação pode demorar um pouco mais, mas nada que com o tempo filhos e pais não superem uma fase ruim.

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