Dores abdominais são comuns em crianças e podem aparecer por diversos motivos. Veja os principais problemas que costumam causar desconforto na região

“Mãe, tô com dor de barriga”. Você já deve ter escutado essa frase muitas vezes. Queixa comum entre as crianças, as dores abdominais não são, na maioria das vezes, motivos de grande preocupação, mas quando se tornam recorrentes ou muito intensas podem ser sinal de doenças mais graves.

O problema é que nem sempre é fácil descobrir o que pode estar causando o incômodo. Isso porque na região do abdômen ficam estômago, intestino, pâncreas, baço e vias urinárias e a dor pode estar relacionada com qualquer uma destes órgãos, o que dificulta que mães e pais saibam de imediato qual “dor de barriga” seu filho está sentindo e como devem agir para ajudá-lo.

Pedir para a criança apontar com o dedinho o local exato da dor ou onde dói mais pode fornecer algumas dicas. “Se o incômodo estiver situado na parte superior do abdômen é provável que esteja relacionado ao estômago, e se estiver mais para baixo, ao intestino”, explica Vanderlei Szauter, pediatra do Hospital e Maternidade São Cristóvão (SP).

Nas crianças, as cólicas abdominais costumam estar principalmente relacionadas a esses dois órgãos. Por isso, é tão importante que os pais acompanhem a rotina de alimentação e evacuação dos filhos e fiquem sempre atentos à anormalidades que possam ser responsáveis pelas dores.

Respostas para perguntas como “o que ele anda comendo?”, “quantas vezes vai ao banheiro?” e até mesmo “como está seu comportamento em casa e na escola?” podem ser peças-chaves para descobrir os motivos dos incômodos.

Dor de estômago

As dores de estômago podem ser sintomas de gastrites e úlceras, deste modo, dois pontos precisam ser observados pelos pais: alimentação e emocional da criança.

As crianças que comem salgadinhos, refrigerantes e outros alimentos gordurosos ou industrializados acabam tendo a acidez do estômago elevada, o que gera o incômodo na região.

“Uma forma de investigar se o seu filho está com gastrite é observar se as dores ficam mais intensas enquanto ele come ou logo após as refeições. Além disso, elas podem vir acompanhas de vômito e até acordá-lo no meio da noite", diz a pediatra Vera Lucia Sdepanian, presidente do departamento de Gastroenterologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Se as suspeitas continuarem, leve seu filho ao médico. Ele deverá realizar uma endoscopia para chegar ao diagnóstico.

A dor aparece sempre depois que ele toma leite? Então é provável que seu filho seja intolerante à lactose, uma condição mais comum do que as pessoas imaginam, que afeta cerca de 60% dos brasileiros.

Além da alimentação, as cólicas podem ser desencadeadas por emoções como ansiedade e medo. “Problemas na família, escola ou até mesmo estresse por estarem sobrecarregados de tarefas podem levar a criança a desenvolver uma gastrite nervosa”, explica Vanderlei.

Nestes casos, distraia a criança para que ela não dê muita importância para a dor e procure entender o que está se passando com ela para confortá-la.

Dores intestinais

Seu filho fica dias sem ir ao banheiro e reclama de dor ou incômodo ao fazer cocô? Esta também pode ser uma causa para as cólicas. Quando o intestino está preso, gases se acumulam na região do abdômen gerando desconforto. Para ajudar o intestino do seu filho a entrar no ritmo, dê uma alimentação rica em verduras, frutas e cereais.

Por outro lado, ir toda hora ao banheiro ou estar com diarreia também irá causar dores na barriga decorrentes das contrações intensas do orgão. Além disso, o intestino pode estar inflamado por alguma razão e isto também se manifestará com dores, que podem vir acompanhadas de sangramentos ao evacuar e febre.

Outras possíveis causas

Viroses e infecções também podem ser responsáveis pelas dores. Nestes casos, quase sempre vêm acompanhadas de febre, vômito, diarreia e cansaço. O conselho é dar muita água e ver como o problema evolui. Se a criança estiver bem disposta, brincando, é possível seguir em casa e esperar. O mal-estar dura, em média, três dias. Se ela estiver muito abatida, procure um médico.

E apesar de pouco comuns nas grandes cidades, o diagnóstico também pode incluir verminoses. A dor costuma ser na parte alta do abdômen e é constante. Um exame de fezes para confirmar a infecção e o tipo de verme deverá ser realizado.

Como sei se a dor é sinal de algo mais grave?

O pediatra Cid Pinheiro, coordenador da equipe de pediatria do Hospital e Maternidade São Luiz (SP) aconselha as mães a fazerem cinco perguntas para ter uma ideia da gravidade do quadro de seus filhos.

  • Qual a intensidade da dor (ela impede que a criança realize as atividades do dia a dia)?
  • A dor vem acompanhada de outros sintomas como febre ou diarréia?
  • A criança apresenta quadros de melhora ou piora?
  • Qual a localização da dor?
  • E a peridiocidade (aparece todos os dias, uma vez por semana, raramente)?

“É a combinação destas variáveis que indicará o quadro de seu filho. Se a dor aparecer todos os dias ou for muito aguda, o médico deve ser procurado imediatamente já que podem ser sintomas de doenças mais graves como cálculo renal e apendicite”, explica.

Esta última consiste na inflamação do apêndice e é rara em menores de 5 anos. Ao contrário de todas as outras dores, não tem como ser prevenida e ocorre de repente, sem causa aparente. A dor é muito aguda e perto do umbigo, sendo muitas vezes acompanhada de febre baixa e náusea. Caso você desconfie que seja este o problema, leve rapidamente seu filho ao pronto-socorro, pois a evolução de uma apendicite não tratada pode ser fatal.

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