A pediatra Ana Maria Escobar explica por que automedicar seu filho pode trazer consequências graves.

Quem nunca pensou em comprar o mesmo remédio que curou a tosse terrível do filho de uma amiga? Analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios são os medicamentos campeões de uso sem prescrição médica. E, como você sabe, tomar remédio sem a orientação de um profissional habilitado se chama automedicação. Se já é perigoso para os adultos, imagine para as crianças...

Medicamentos são drogas produzidas com o objetivo de exercer um efeito sobre as reações químicas do organismo, cessar ou aliviar sintomas desconfortáveis ou tratar uma doença. Só que somos pessoas únicas. O que pode fazer bem para um indivíduo, talvez não seja o mais recomendado para outro.

Sendo assim, o que leva as pessoas a se automedicar? No Brasil, estudos demonstram que os principais motivos estão relacionados a dores (de cabeça, de garganta, musculares ou cólicas) e infecções, como gripe ou diarreia.

Mas é importante saber que se automedicar pode trazer consequências graves. Vamos entender as razões:

  • Mascaramento de doenças graves e evolutivas: Alguns problemas de saúde podem se iniciar com sintomas corriqueiros, como uma dor abdominal ou de cabeça. A falta de avaliação clínica do médico pode retardar o diagnóstico de doenças reumatológicas, endócrinas e até câncer, por exemplo.

 

  • Interações medicamentosas: muitas drogas interagem entre si, potencializando ou anulando o efeito uma da outra. Só o médico sabe disso. Portanto, quem já toma algum remédio, deve ter cuidado redobrado.

 

  • Resistência microbiana: antibióticos e outros antimicrobianos devem ser administrados com rigor, nas doses e no tempo prescrito pelo médico. Isso porque estamos lutando contra organismos vivos que podem modificar seu próprio DNA e criar resistência aos remédios, o que é muito grave. Tanto que, atualmente, tais drogas são vendidas com prescrição especial e individual.

 

  • Doses inadequadas: cada pessoa pode ter um ritmo diferente de metabolização da droga. Isso vale especialmente para crianças. Normalmente, os pediatras calculam a dose diária em miligramas de acordo com o peso (por kg). E é importantíssimo lembrar que muitos medicamentos têm a dose terapêutica muito próxima da dose tóxica. Isso significa que, se houver um erro e for administrada uma dose maior, pode ocorrer intoxicação.

 

  • E os remédios “naturais” ou fitoterápicos? Oferecem risco? Sim! Eles também são drogas, pois se propõem a exercer uma determinada ação no organismo. Então, tenha o mesmo cuidado.

 

  • Medicar não é tarefa fácil. Envolve estudo, experiência e responsabilidade. A orientação de um profissional habilitado é o melhor a fazer para você e pela sua família.

          

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