Estudos mostram que crianças obesas que se exercitam de 20 a 60 minutos por dia têm redução de gordura e de resistência à insulina.
Vinte minutos de atividades físicas diária. Pode parecer pouco, mas é tempo suficiente para reduzir o risco de uma criança obesa desenvolver diabetes tipo 2. É o que indica um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Georgia, nos Estados Unidos. Eles reuniram 222 crianças obesas e sedentárias, com idades entre 7 e 11 anos, e as dividiram em três grupos. O primeiro foi estimulado a praticar 40 minutos de atividades físicas durante cinco dias por semana. O segundo, 20 minutos, durante o mesmo período. O último manteve o estilo de vida sedentário.
Eles foram monitorados por três meses. O primeiro grupo apresentou uma redução de 22% a resistência à insulina, hormônio responsável pela redução da taxa de glicose no sangue fator que pode levar à diabetes. O segundo grupo, 18%. O terceiro grupo não teve nenhuma melhora já que manteve o mesmo estilo de vida. Após interpretar o resultado da pesquisa, os cientistas chegaram à conclusão que o tempo de duração da atividade física faz diferença, mas ela não é tão grande quanto se imaginava.
Prevenção contra obesidade infantil começa com educação de mães, diz pesquisa
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as crianças façam pelo menos uma hora de atividade física todos os dias. “Todo movimento corporal é considerado uma atividade: brincar ao ar livre, andar de bicicleta, passear com o cachorro, tudo isso traz benefícios à saúde das crianças, obesas ou não. O importante é não ficar parado na frente da TV ou do computador”, diz o pediatra Mario Maia Bracco, da Universidade Federal de São Paulo e coordenador do Agita São Paulo - evento anual que estimula a prática de atividades física na capital paulistana.
No Brasil
Pesquisadores da Universidade de São Paulo fizeram um estudo similar aqui no Brasil, divulgado no último mês, que também relacionava a duração das atividades físicas à redução da gordura e a resistência à insulina. Eles recrutaram 39 crianças obesas entre 8 a 12 anos, que foram divididas em dois grupos.
Uma turma praticou diariamente 60 minutos de exercícios de baixo impacto com intervalos. A outra fez 20 minutos ininterruptos de atividades de alta intensidade. E assim como no estudo americano, os dois apresentaram relativo nível de igualdade de redução da resistência à insulina, 29.4% e 30.5%, respectivamente. Os pesquisadores acreditam que o exercício de menor duração e maior intensidade provoca efeitos benéficos mais duradouros, como redução significativa do IMC, maior condicionamento físico e composição corporal com menos gordura abdominal.
Diabetes em crianças: o apoio dos pais é fundamental
Co-autora do estudo, a pediatra Ana Lúcia de Sá Pinto, do ambulatório de Medicina Esportiva do Hospital das Clínicas (SP), aponta o avanço da obesidade infantil como principal fator de risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2. “A gordura traz inúmeros prejuízos à saúde, pode levar à criança a um quadro de pré-diabetes. Por isso, é importante estimular a prática de atividades físicas porque ela promove a redução da gordura corporal e visceral na barriga e evita que a criança desenvolva diabetes tipo 2 na adolescência ou na vida adulta”, diz a especialista.
Além dos exercícios
A atividade física auxilia na redução do risco do desenvolvimento da diabete tipo 2, mas ela por si só não resolve o problema. “É preciso estudar a causa da obesidade, e, se for preciso, promover uma mudança radical nos hábitos alimentares das crianças”, diz o endocrinologista Balduíno Tschiedel, diretor-presidente no Instituto da Criança com Diabetes (RS).
Ele afirma que é importante que os pais enfatizem para as crianças a importância de se alimentar bem e não se esqueçam de dar o exemplo. Frutas, verduras e legumes devem fazer parte das refeições da família. Os salgadinhos, sucos industrializados e outros alimentos ricos em carboidratos não devem ser proibidos, mas raros no cardápio da família.