A Academia Americana de Pediatria lançou novas diretrizes com relação ao tratamento de ronco em crianças, sugerindo que elas sejam examinadas para detectar apneia.
Um suspiro mais alto, uma respiração mais profunda e, de repente, um barulho mais forte. Ouvir seu filho roncar pode revelar uma série de problemas, e quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais eficiente será o tratamento.
A Academia Americana de Pediatria acaba de lançar novas recomendações para as crianças que roncam, sugerindo que elas sejam examinadas sempre, principalmente para detectar apneia, pequenas pausas na respiração que podem acompanhar o ronco.
Para Rosa Hasan, neurologista especialista em doenças do sono do Hospital e Maternidade São Luiz (SP), a recomendação provavelmente vai fazer com que os especialistas fiquem mais atentos a essa questão. “Eles estão chamando atenção para os pediatras que esse ronco não é uma coisa saudável. Há estudos que mostram que a criança que ronca pode sofrer até mesmo alterações no crescimento, já que a oxigenação dos tecidos é prejudicada, em especial quando ela tem apneia” Segundo um alerta feito pelo Hospital das Clínicas, em São Paulo, o ronco atinge, principalmente, crianças de 2 a 9 anos.
O mais importante é identificar por que a criança está roncando. O que provoca o problema é a obstrução das vias aéreas. E essa obstrução pode ser causada por vários motivos, como alergias a poeira, por exemplo, e infecções na amígdala ou na garganta. “A conversa do pediatra com os pais e o exame clínico são fundamentais para fazer o diagnóstico.
É preciso observar a periodicidade do ronco, como e quando acontece. E perceber se há outros fatores associados, como sono agitado e baba”, diz o pediatra Marcelo Reibscheid, do portal Pediatria em Foco. O cansaço e a obesidade são outras causas possíveis, pois a musculatura fica mais frouxa e acaba dificultando a respiração. No caso do excesso de peso, a gordura acumulada em volta do pescoço também atrapalha.
Outros motivos que podem levar ao ronco é o uso excessivo de chupetas e mamadeiras. Isso porque os bicos podem alterar a arcada bucal das crianças. “Esses acessórios tornam o palato (céu da boca) mais profundo e, mudando seu formato, prejudica a passagem do ar”, afirma Eliane Alfani, pneumologista infantil do Hospital e Maternidade São Luiz (SP). “Em casos mais graves, as crianças podem ter apneia do sono e parar de respirar”, completa. Um dos exames possíveis nesses casos é a polissonografia, que examina o que acontece no corpo da criança enquanto ela dorme (oxigenação do sangue, atividade do cérebro, posições, respiração), e costuma ser feito entre 4 e 7 anos para investigar as causas da apneia, quando não for detectada uma obstrução das vias respiratórias superiores.
Além de atrapalhar o sono da criança (e da família toda), o ronco traz outros problemas. “Ao respirar pela boca durante a noite, a criança pode acordar com dor de garganta e sentir muito desconforto. Resultado: mais cansaço, mau humor e até uma queda no rendimento escolar”, diz a especialista. Por isso, ao ouvir o primeiro ronco do seu filho, converse com o pediatra, para que ele investigue e comece o tratamento adequado para o problema que está levando a criança a roncar.