Má alimentação, falta de atividade física e excesso de peso estão entre os fatores que contribuem para o problema.

Na consulta de rotina com o pediatra, ele ouve os batimentos do coração do seu filho, confere a garganta e... mede a pressão? Se não, o ideal é conversar melhor com ele sobre isso. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos reuniu dados hospitalares e descobriu que lá, em um período de 10 anos, o número de internações de crianças com pressão alta quase dobrou, saltando de 12.661 em 1997 para 24.602 em 2006.

Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde ainda não tem um dado sobre o número de crianças com pressão alta. Nesta sexta (29), um estudo divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, feito com 284 crianças e adolescentes, entre 10 e 17 anos, da Casa do Adolescente de Pinheiros, mostrou que 25% deles apresentavam quadro de hipertensão arterial combinada com alto consumo de sódio na dieta.

Em nota, o médico Arlindo Frederico Junior, do Centro de Saúde de Pinheiros (SP), que participou da análise, afirma que esse dado é preocupante já que a doença tende a se agravar com o tempo e trazer complicações na fase adulta, como AVC, infarto, diabetes e doenças renais.

"Estimamos que cerca de 5% do total de crianças e adolescentes brasileiros tenham pressão arterial alta", diz a cardiologista Andréa Brandão, professora de cardiologia da UERJ e membro da Sociedade Brasileira de Hipertensão. Ela afirma que, no Brasil, também se percebe um aumento de casos do problema em crianças e isso estaria relacionado aos hábitos da vida moderna - pouca atividade física e má alimentação. E aqui não tem como fugir: fast-food , refrigerantes e os alimentos industrializados (como salgadinhos) são os grandes vilões da pressão alta, por causa das altas taxas de gordura e sódio.

Mas não é só isso. Segundo Frederico Junior, nossa cultura tem o costume de usar muito mais sal na dieta do que o necessário. Assim, fique de olho na quantidade que você coloca no preparo da comida da sua família, o que deve começar desde a primeira papinha. Nesta, aliás, você nem precisa acrescentar sal se não quiser, basta abusar de temperos como salsinha, manjericão e cebolinha, para realçar o sabor.

A obesidade e o sobrepeso também são fatores que contribuem para o aumento da pressão. De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado entre 2008 e 2009, uma em cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos estavam com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Vale lembrar que há crianças cuja pressão alta é apenas o sintoma de outra doença mais grave. Por isso, o médico precisa investigar para saber se há alguma alteração nos rins ou, ainda, um problema endócrino, e assim dar um diagnóstico correto.

Doença silenciosa

A hipertensão costuma ser uma doença silenciosa. No caso de crianças, é muito difícil que algum sintoma se manifeste. Por isso, é importante sempre aferir a pressão nas consultas de rotina depois que seu filho completar 3 anos. Antes disso, de acordo com a pediatra Maria Cristina de Andrade, do Hospital Infantil Sabará (SP), só se a criança for cardiopata, tiver ficado em UTI neonatal ou apresentar histórico de hipertensão e doenças renais na família. Para realizar a medição corretamente, a criança precisa estar tranquila, com a bexiga vazia e não ter usado medicamentos ou ingerido alimentos com cafeína, que alteram a pressão.

Tratamento

Assim que a causa da alteração na pressão for identificada, é preciso tratá-la. "A longo prazo, a hipertensão vai lesando todos os órgãos", segundo Maria Cristina. Se o problema for o excesso de peso, na maioria dos casos é possível reverter o quadro com uma dieta equilibrada e atividades físicas na rotina.

Os filhos de pais ou avós hipertensos precisam de um cuidado extra com os hábitos de vida, já que têm mais predisposição a ter pressão alta. Mas a regra é a mesma para todas as crianças: alimentação saudável, atividade física e controle de peso.

 

Dicas contra a hipertensão

  1. Corte o consumo excessivo de sal da comida da sua família. O ideal é usar, no máximo, uma colher (chá) rasa por pessoa/dia.
  2. Fique de olho na hidratação. Crianças devem consumir cerca de 1 litro e meio de água por dia.
  3. Deixe o refrigerante só para ocasiões especiais, como aniversários. No dia a dia, ofereça água e sucos de frutas naturais.
  4. Ofereça mais variedades de legumes, verduras e frutas na sua casa. Deixe também esses alimentos mais atrativos: você pode montar desenhos com eles antes de servir ao seu filho.
  5. Corte o consumo de produtos industrializados. Se o seu filho só come macarrão instantâneo (cujo tempero tem excesso de sódio), ofereça outras opções.
  6. Incentive a atividade física (brincadeiras, jogos). E brinque junto com as crianças!
  7. Dê bom exemplo aos seus filhos, seguindo as dicas anteriores;

Fonte: Secretaria de Estado de São Paulo

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