As normas que avaliam obras de cinema e televisão foram atualizadas e podem servir como referência na hora de decidir o que o seu filho deve ou não assistir.
O Ministério da Justiça atualizou as normas que classificam obras de cinema e televisão de acordo com a faixa etária da criança e lançou uma campanha para conscientizar os pais sobre a importância de avaliar o que os filhos assistem. Os vídeos e cartazes levam a frase “Não se engane, tem coisas que seu filho não está preparado para ver”, com imagens sobre nudez e sexo, drogas e violência. Na prática, pouca coisa mudou, mas os critérios de avaliação ficaram mais objetivos. “Ouvimos especialistas e esclarecemos alguns conceitos, como o de nudez erótica e não erótica. Se a nudez não for erótica, como no caso de tribos indígenas, tudo bem. O que não pode é ter conotação sexual.
Queremos evitar a sexualização precoce das crianças e a exposição exagerada ao erótico antes do período normal de desenvolvimento”, afirma Davi Pires, diretor-adjunto o Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça. A nudez artística também ganhou uma explicação mais detalhada, já que a anterior dava margem a interpretações muito amplas. “A ideia de nudez artística acabava englobando também cenas em que um artista plástico pintava corpos de mulheres, por exemplo. Isso pode até ser artístico, mas também é erótico”. A nova versão do guia de classificação indicativa é didática e está disponível a toda a população na internet.
Com a atualização do manual, o Ministério da Justiça espera ajudar aos pais. “A classificação, como diz o próprio nome, é indicativa. Nós ofereceremos os parâmetros e explicamos como eles são pensados, mas a decisão final é da família”, diz Davi Pires. Os critérios servem como referência e podem ser muito úteis na hora de decidir o que o seu filho deve ou não assistir, mas o mais importante é a sua avaliação sobre o grau de maturidade dele e sobre os valores que você quer passar. “As crianças interagem com aquilo que veem e a televisão tem um impacto sobre elas, por isso é fundamental fazer uma reflexão sobre o programa ou filme e oferecer elementos para que a própria criança possa, aos poucos, aprender a refletir sobre eles também”, explica Maria da Graça Marchina Gonçalves, professora de psicologia social da PUC-SP e estudiosa do tema mídia e crianças.
Ou seja, mais do que apenas proibir ou permitir que seu filho assista a algo, é preciso discutir o que está sendo visto e mostrar porque pode ou não pode. Se você acha que um programa não é adequado para a idade dele, assista junto com ele e explique porque você não está de acordo com o que está sendo passado. Até porque ainda que ele não assista na sua frente ou com você, pode ver na casa dos colegas da escola ou até dos avós. “É preciso educar para a mídia, assim como educamos para andar na rua ", afirma Maria da Graça. E conversar ainda é a melhor maneira de fazer isso.