Estudo com mais de mil crianças chinesas reafirma a importância da primeira refeição do dia.
Pão, leite, frutas, iogurte. Tomar café da manhã regularmente faz muita diferença na vida das crianças. Um dos principais benefícios é o desenvolvimento da inteligência.Mas um novo estudo reforça a importância dessa refeição. Pesquisadores da Escola de Enfermagem da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, analisaram dados de 1.269 crianças chinesas de 6 anos.
Eles atestaram que aquelas que tomavam café da manhã todos os dias tiveram melhores resultados em testes de Q.I. (4,6 pontos a mais em relação às que só comiam às vezes), independentemente de sexo, local de moradia e nível de escolaridade dos pais. Para descobrir quais crianças faziam essa refeição regularmente, os especialistas enviaram um questionário às famílias. “A infância é um período crítico durante o qual hábitos de dieta e qualidade de vida são ensinados às crianças, e esses hábitos podem ter implicações relevantes de imediato e a longo prazo”, afirmou em nota a coordenadora do estudo, Jianghong Liu.
Outras pesquisas já haviam mostrado que não fazer essa refeição todos os dias aumenta o risco de a criança ter sobrepeso, uma vez que, ao pular o café, ela exagera na seguinte, consumindo também mais calorias e gorduras.
Mas, afinal, o que justifica que o café da manhã tenha tanta importância? Segundo a nutricionista Mirella Neves, do Hospital Pequeno Príncipe (PR), um dos motivos é que os alimentos dessa refeição são os primeiros combustíveis do dia. Depois de várias horas em jejum, o corpo especialmente o cérebro, caso seu filho estude de manhã precisa de alimentos. Outra boa razão: se a criança não se alimenta corretamente no início do dia, pode apresentar hipoglicemia devido à baixa presença de glicose no sangue e ficar mais mole e cansada que o normal. Tontura, náusea e até desmaios podem aparecer. Além disso, ela pode ter alteração no humor e dificuldade para se concentrar.
As crianças podem até dizer que não estão com vontade de comer pela manhã, mas dificilmente estão sem fome. Para acabar com esse drama, você precisa rever a rotina da família. Segundo o nutrólogo Artur Delgado, do Hospital Albert Einstein (SP), é necessário criar esse hábito e dar o exemplo para que seu filho aceite essa refeição como parte do dia.
Uma dica prática é acordar seu filho dez minutos mais cedo. Quando estamos muito sonolentos, não percebemos a fome. Esse tempo extra colabora para abrir o apetite da criança. Outra recomendação é deixar a refeição mais interessante. Não ofereça sempre os mesmos alimentos e tente apresentá-los de forma divertida.
Também ajuda muito transformar o café da manhã em um momento família. Se pai, mãe e filhos conseguirem conciliar o horário para sentarem juntos, as crianças vão valorizar mais essa refeição. “O hábito de comer pela manhã se cria sentando à mesa. Sentar com os pais por alguns minutos também significa troca de experiências e convivência”, afirma Mirella.
O que oferecer?
Um bom café da manhã precisa ter alimentos ricos em proteínas, carboidratos e fibras. Delgado sugere alguns itens que não devem faltar na sua mesa:
- Leite (contém proteína de alto valor biológico e muito cálcio)
- Pães integrais (eles contêm fibras e são mais saudáveis que bisnaguinha ou pão francês)
- Derivados de leite, como iogurte e queijos (no caso do queijo, prefira o fresco, ricota ou cottage. São mais saudáveis que os queijos amarelos e requeijão)
- Frutas (fontes de vitamina e sais minerais)
- Geleias (de preferência sem adição de açúcar)
Sobre o achocolatado, o médico afirma que não é um alimento saudável, mas se a criança só aceitar o leite dessa forma, tudo bem colocar uma colher. Se o seu filho está acostumado com mais do que essa quantidade, tente ir diminuindo um pouco a cada dia. Outra dica é usar margarina vegetal com baixo teor de gordura em vez de manteiga.
Um último lembrete para os pais que acham que as crianças ‘não gostam de nada’: “Para uma criança se adaptar a algum tipo de alimento, ela precisa ter contato com ele entre oito e doze vezes. Só depois disso é que se pode definir seu gosto. E ela só pode provar coisas diferentes se os pais oferecerem”, diz Delgado.