Quer ter sua dúvida respondida pela filósofa Tania Zagury? Escreva para ela

P: Meu filho está com mania de jogar tudo o que pega no chão. Pode ser qualquer coisa, e quando está irritado, joga com mais força e até grita. Já conversei com ele, já o deixei no cantinho da disciplina, mas nada resolve. Não sei mais o que fazer, estou achando que ele é muito novo para entender as informações que digo ou estou falando numa linguagem errada. O que é que eu faço?Mirley Pinheiro, mãe de Rafael, 2 anos

Tania Zagury: O que ocorre, Mirley, é que você está explicando demais e agindo de menos. Na idade do seu filho, ao contrário do que parece, a criança já entende muito bem o que lhe está sendo dito, mas responde melhor ao que acontece com ele na prática. Ou seja, se ele não perceber que realmente há uma consequência para seus atos, continuará agindo da mesma forma ou até pior. Somente explicando como você tem feito, ele não sente necessidade de mudar de comportamento, porque o máximo que ocorre é ficar sentado e “ouvir” um sermão carinhoso. Então vamos mudar de estratégia: da próxima vez em que ele jogar alguma coisa no chão, pegue o objeto, guarde onde ele não possa ver ou alcançar e diga olhando bem séria, nos olhos dele: “enquanto você agir assim, não vai mais poder brincar com isso”. E não dê mais. Se ele repetir com outro, faça o mesmo. Se ele continuar, tire todos do alcance dele. Fique bem séria, não ria e não amoleça. Repita apenas "está errado, você não pode fazer isso. E não dê mais “papo”. Pegue uma revista ou livro e leia ou faça de conta que está lendo. É provável que em poucos minutos ele tente com beijos e carinhos se desculpar. Mas não se deixe seduzir. Diga que está muito aborrecida com ele. Dê um tempo  em torno de duas horas  e só depois, volte à normalidade, mas sem muitos beijos e abraços. Não mencione o que aconteceu e aja normalmente. Apenas devolva os brinquedos e avise: "se fizer de novo, vou guardar mais tempo". Não precisa explicar mais nada: com certeza já sabe o que fez de errado. Se ocorrer novamente, que é o mais provável, aja da mesma forma. E não fraqueje, para ele compreender pelas suas atitudes (e não pela “falação”), que é para valer. Se em um outro dia você deixar essa atitude ocorrer sem as consequências que ele já conhece, todo o processo irá por água abaixo e terá que ser reiniciado.

P: Há quatro meses, nasceu minha segunda filha, a Ana Carolina. O meu filho mais velho João Miguel aceitou bem a chegada da irmã. João é um menino carinhoso, mas desatento. Se ele está em frente à TV precisamos desligar o aparelho para ele prestar a atenção. Depois da chegada da Ana, como esperado, ele está tentando chamar mais atenção. Porém, sempre foi um menino muito sorridente e de pouco choro, situação agora que mudou drasticamente. João Miguel chora por tudo. Passa o dia choramingando, fica magoado e pede desculpas por qualquer atitude quando é reprimido. Como passar por essa fase sem traumas?Fabiana Zancanella, mãe de João Miguel, 2 anos e Ana Carolina, 4 meses

T.Z.: Toda criança é filha única até que nasça um irmão, então há um período de adaptação à nova realidade e é natural ele estar um pouco abalado. Cada criança tem uma forma peculiar de externalizar seus sentimentos. Seu filho chora, outros agridem, batem ou quebram coisas... Mostre por meio de atitudes positivas que ele é muito amado, mesmo havendo outra criança em casa agora. Como fazer isso? Agindo de forma que ele, aos poucos, vá percebendo que há lugar para todos no seu coração. Não demonstre preocupação ou ansiedade com as atitudes dele, mas procure agir de forma carinhosa nesses momentos em que ele está insegurança. Funciona muito bem fazê-lo participar da vida da irmã dentro da capacidade dele, claro! Chame-o para ajudar quando estiver se ocupando dela dê-lhe tarefas, tais como pegar uma fralda limpa na gaveta ou o babador. Aproveite o fato de ele querer participar e não o exclua. Elogie a colaboração. Assim, ele irá verificar que continua sendo amado e não perdeu nem perderá o lugar que teve até agora. Um pouco de ciúme e insegurança é natural, mas não incentive nem critique, aja com naturalidade e continue dando atenção aos dois. Aos poucos ele se acostumará. Quando tiver algum tempo livre, fique com ele, somente com ele. Jogue um jogo, conte uma história. Isso fará com que ele saiba que você tem tempo para ele e tempo para a irmã. Quanto ao resto, não ligue para a choramingação, continue educando-o como sempre fez.

P: Trabalho na área comercial, o que me força a viajar uma vez por mês. Geralmente as viagens duram dois dias, mas duas vezes ao ano, viajo para ficar fora mais que uma semana. Esta ausência pode prejudicar meu filho mais tarde? Ele tem quase 2 anos e fica aos cuidados da escola durante o dia e do pai durante a noite nas minhas ausências. Amalia Arasawa Burlim

T.Z.: Amalia, em princípio, não deve haver problema algum. A maioria de suas viagens é curta. Na sua ausência ele fica com o pai e a escola. Que companhias podem ser melhores? Então é só você ter segurança e não deixar transparecer culpa, que seu filho ficará bem. Saudades ele terá, e é normal que tenha. Se não tivesse é que seria preocupante. Aproveite para desfrutar esses momentos em que fica sozinha, porque revigora e fortalece para as próximas batalhas, domésticas ou profissionais.

 

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