Mesmo sem perceber, você pode estar cometendo excessos que podem prejudicar a relação com o seu filho

É claro que a gente sempre procura fazer o melhor para os nossos filhos. Só que, no meio do caminho, acabamos cometendo excessos que, muitas vezes, não são sequer percebidos a menos que seu filho chore ou reclame. Quer ver? Separamos sete coisas que você pode parar de fazer em 2014. E que tal começar já? É o que dizem: ano novo, vida nova. Para você e seu filho!

Manter as mãos ocupadas

É muito legal postar os nossos momentos mais deliciosos das férias nas redes sociais. Ficar olhando o que os amigos estão fazendo, as últimas notícias, descobrir um app novo é igualmente interessante. Só não se esqueça de que, quando mais tempo você passa online, menos você consegue se dedicar à sua família. “É preciso se desconectar para se conectar com o que realmente importa. Os pais precisam dedicar horas do seu dia ao filho, não basta estar em casa. A convivência, as conversas, o jantar em família, os passeios marcam os bons momentos em família e, por isso, precisam ser priorizados”, acredita a psicóloga da USP Sylvia Van Enck, especialista em dependência tecnológica.

Por isso, procure usar a tecnologia ao seu favor e não contra você. Você pode acabar perdendo bons momentos do seu filho simplesmente porque não estava prestando atenção. Tenha as mãos livres para segurá-lo quando ele cair, ajudá-lo a andar de bicicleta sem rodinhas ou cozinhar junto com ele. 

Insistir na prática de esporte

Seu filho vive chorando para ir à natação? Não se dá bem com o futebol? Pediu para sair do tênis? Calma, não precisa ficar preocupada. Não é porque ele não está se adaptando bem que você precisa imediatamente achar outra atividade física. Pior ainda é forçá-lo a fazer o esporte, afinal, muito além da função de movimentar o corpo, atividades físicas devem trazer prazer a quem as pratica.

De acordo com o fisiologista do exercício Gerson Ferrari, da Unifesp, pressionar a criança à fazer atividade física pode gerar traumas e baixa autoestima. “Geralmente quando ela não gosta é porque não domina o esporte e, portanto, não está se desenvolvendo bem. Isso pode gerar vários problemas. Se a modalidade que ela pratica é feita em grupo, por exemplo, a criança com baixo desempenho corre o risco de ser julgada pelos amigos. Se for esporte individual, dificilmente ela encontrará motivação para superar os desafios”, conta o especialista.

Até os 10 anos, os especialistas defendem que as crianças devem experimentar vários tipos de atividades físicas, em vez de se ater a uma só. “Lembrando que pular corda, subir escada, dançar, brincar de esconde- esconde, tudo isso já conta como atividade física. Na infância, a melhor maneira de se movimentar é por meio de atividades lúdicas”, explica o fisiologista. Que tal levantar do e sofá e levar seu filho para dar um passeio no parque? Assim vocês dois se movimentam mais.

Dar ordens e corrigir o tempo todo

“Arrume seu quarto”, “faça a lição”, “só uma colher de ervilha”... Crianças, como todas as outras pessoas, detestam ter alguém em seus pés. Como protesto, podem fazer caretas, manha ou, pior, começar a temer o pai de maneira a prejudicar sua espontaneidade.

“Muitos pais querem criar um filho à sua imagem e semelhança e acabam priorizando uma educação mais rígida. Nesses casos, as crianças podem ir para dois caminhos: ou ficam como robozinhos que fazem tudo o que os pais querem ou revoltam-se”, explica a psicopedagoga Ana Cássia Maturano.

A melhor maneira de evitar conflitos e pressões desnecessárias em casa é ensinando à criança a cooperar. Em vez de exigir que ele arrume tudo o que espalhou, você pode, por exemplo, explicar que teve um dia cansativo no trabalho e que qualquer ajuda seria ótima. Ensine também a importância das regras ao seu filho. Elas não existem para que você fique bravo com ele, e sim para que as relações entre todos sejam mais harmoniosas. 

Mentir quando achar necessário

“Como eu nasci?”, “Para onde se vai depois da morte?”, “Por que o céu é azul?”... é, pode ser que você se depare pela primeira vez com algumas questões difíceis como estas. Quando a hora chegar, lembre-se: diga sempre a verdade, como aconselha a psicopedagoga Ana Cássia Maturano: “Existem jeitos e jeitos de contar uma verdade. Você pode dizê-la, desde que respeite a capacidade de entendimento da criança. Uma pergunta como ‘para onde vai depois da morte’ pode ser respondida com ‘algumas religiões acreditam nisso, outras naquilo. Mas ninguém sabe essa resposta’”.

Lembre-se também que não é porque você é pai ou mãe que precisa saber de tudo, como as crianças costumam pensar. Por isso, não há motivo para constrangimento se não souber a resposta  e também você não precisa inventar alguma coisa rápida. Nesses casos, pai e filho podem pesquisar e aprender juntos. 

Culpar-se

Muitos pais se colocam nesse papel e acreditam que qualquer desvio de comportamento da criança (muitas vezes típicos da idade) aconteceram por falta de um olhar mais atencioso do cuidador. Pode até ser, mas jogar este peso nas costas pode fazer com que você abra exceções demais aos desejos do seu filho. “Muitos pais tentam recompensar sua ausência com bens materiais, o que pode resultar em crianças mimadas e com distorção do que é certo e errado. Nada pode substituir a convivência com os pais”, acredita o psicólogo Jorge Luís Ferreira Abraão, da Unesp.

A culpa deve servir apenas como gatilho para você repensar sua rotina e procurar fazer as coisas de uma maneira diferente. Se seu filho foi mal na escola, por exemplo, de nada adianta ficar apenas se lamentando. Em vez disso, tenha uma postura pró-ativa e veja maneiras de ajudá-lo a melhorar neste ano que está começando.  

Abastecer o armário de guloseimas

O médico pediu maior controle alimentar. Você decidiu esconder as delícias que estão na dispensa. Aí vai um aviso: isso não vai bastar para que os hábitos melhorem. Seu filho sabe muito bem que as bolachas recheadas que misteriosamente sumiram do armário de guloseimas estão pela casa, afinal, viu quando elas chegaram do supermercado. Isso significa que ele vai procurar pelo precioso pacote por todos os lugares da casa e, eventualmente quando encontrar, vai devorá-lo em menos de um minuto.

Para não correr esse risco, que tal evitar lotar a dispensa de industrializados? Em vez disso, procure abastecer a fruteira com diferentes e coloridos tipos de fruta. Assim, seu filho vai se sentir mais estimulado. Leve-o ao varejão ou supermercado para que se envolva na compra de alimentos mais saudável. Faça uma tarde de degustação. Todos esses novos hábitos vão ajudá-lo a ter vontade de experimentar mais.

Pular o café da manhã

Se você é dessas pessoas que já começa o dia atrasado, joga qualquer coisinha para dentro do estômago e sai de casa, talvez seja a hora de repensar. Não se esqueça que as crianças aprendem o que veem. Será que elas estão fazendo uma refeição completa como dever ser a primeira do dia se elas só estão seguindo o seu exemplo?

“O café da manhã é importante para repor os nutrientes que foram absorvidos pelo organismo durante a noite e garantir que o corpo desempenhe suas funções adequadamente”, diz Paola B. Preusse, nutricionista infantil, pós-graduada pela Unifesp e autora do blog Maternidade Colorida. Além disso, criar o hábito nas crianças de fazer corretamente as refeições principais ao longo do dia, com as escolhas certas, minimiza a probabilidade de elas desenvolverem algum distúrbio alimentar.

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