Paola fala sobre o assunto e traz um depoimento emocionante.
Esse assunto é pouco falado, mesmo porque é muito difícil saber como ajudar alguém que perdeu um bebê.
Nunca sabemos o tamanho da dor da mãe ou do pai. E isso não depende da idade do bebê. Pode ter sido um aborto espontâneo com 10 semanas, pode ter sido uma complicação durante a gravidez, um bebê que nasceu morto ou mesmo um bebê que nasceu bem e morreu depois de dias ou meses.
O luto é difícil de ser vivido, mas é necessário.
Quando uma mãe, que acabou de passar por uma perda dessa, está vivendo como se nada tivesse acontecido, podemos começar a nos preocupar.
Esta semana falei sobre isso no blog, dando dicas de como ajudar uma família em luto, e uma amiga resolveu compartilhar sua experiência conosco.
Com a palavra: Patricia Ferreira
As pessoas costumam dizer que quando nasce um bebê, nasce junto uma mãe... Quem fala isso nunca viveu a experiência da maternidade!
A mulher se sente mãe no momento em que abre seu coração e dispõe o seu corpo para gerar uma nova vida... E essa maternidade não se encerra com um aborto ou com a ausência do filho no colo no retorno do parto. Aliás, acredito que a maternidade não se encerra nunca!
Perdi o meu primeiro bebê na 11ª semana de gestação e, como tive a felicidade de descobrir que estava grávida com apenas duas semanas, pude curtir essa experiência por quase dois meses! E que experiência transformadora de vida!
O aborto é um misto de impotência, culpa, desesperança... Um vazio na alma! Sentia-me frustrada por não ter realizado o sonho do meu marido de ser pai, triste por não ter “conseguido” cumprir a gestação em sua plenitude e pequena, diminuída, infinitamente diminuída por não ter recebido meu filho em meus braços.
Ter fé nestes momentos é muito importante, pois a fé nos permite crer que vamos poder recomeçar. Mas comentários do tipo “ainda bem que foi no comecinho”, ou “que bom que você nem chegou a saber o sexo” machucavam quase tanto quanto a perda do meu bebezinho. E pior era: “mas você sabe o que fez de errado que aconteceu isso?
É preciso um mínimo de sensibilidade das pessoas para lidarem com o luto alheio, e muitas pessoas não têm ou não usam essa sensibilidade. Por outro lado, as palavras de incentivo e a troca de experiência com quem já passou pela mesma situação são restauradoras. Para o meu marido, que foi quem recebeu a notícia da perda e ficou responsável por me transmiti-la, foi extremamente importante poder dividir a dor com os amigos. Poder, principalmente, chorar... E ouvir que essa perda não encerra os sonhos.
Hoje me preparo para uma nova gestação que, espero, resulte numa criança linda e saudável! Mas ficarei sempre com a presença desta primeira experiência gravada no meu corpo e no meu coração!
Obrigada, Patricia, por sua coragem! Desejo a todos que passaram por isso que consigam passar pelo luto e andar para frente. E nunca perder a esperança na vida!
Um beijo enorme.